Nuno Crato responde à ministra da Educação
Director: José Manuel Fernandes
Directores-adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho
POL nº 5938 | Sexta, 30 de Junho de 2006
Nuno Crato responde à ministra da Educação A importância da palavra "ensinar"
Numa entrevista a Clara Viana saída na revista Pública em 18 de Junho, ao discutir a recente proposta de mudanças do Estatuto da Carreira Docente não universitária, afirmei que "curiosamente a palavra "ensinar" não aparece uma única vez no documento, que tem 55 páginas". É um facto tão difícil de entender que a própria ministra da Educação, professora Maria de Lurdes Rodrigues, não acreditou ser verdadeiro e possivelmente pensou tratar-se de um exagero retórico meu.
Questionada pela revista Visão (22 de Junho), disse "Não é verdade. Aparece várias vezes." Com os meios informáticos actuais é muito fácil esclarecer o problema. O ficheiro PDF do documento, que, no momento em que escrevo (29 de Junho), é ainda o mesmo, pode ser pesquisado usando a função "search". Introduzindo a palavra "ensinar" verifica-se que ela não aparece uma única vez.
Várias pessoas, entretanto, fizeram outras pesquisas. Verificaram que a palavra "ensino" aparece, mas essencialmente como qualificativo oficial (por exemplo, "estabelecimento de ensino", "ensino Básico"). Verificaram também que a palavra "aprendizagem" aparece 13 vezes, no singular e no plural. Estas estatísticas seriam ociosas se não reflectissem uma orientação pedagógica vincada, que transparece nas partes mais técnicas e ideológicas do documento.
Assim, por exemplo, quando se refere as funções dos professores (Art. 36.º, 2), não se fala em ensinar, mas sim em "identificar saberes e competências-chave dos programas", "desenvolver situações didácticas" e criar "situações de aprendizagem". Enumera-se depois um conjunto extenso de deveres do docente, tais como "Trabalhar em equipa", "Colaborar com as famílias" e "conceber respostas inovadoras às novas necessidades da sociedade do conhecimento".
É difícil acreditar, eu sei, mas o documento está no portal do ministério, indicado logo na página de entrada (www.min-edu.pt).
Nuno Crato
Instituto Superior
de Economia e Gestão
Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática
Directores-adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho
POL nº 5938 | Sexta, 30 de Junho de 2006
Nuno Crato responde à ministra da Educação A importância da palavra "ensinar"
Numa entrevista a Clara Viana saída na revista Pública em 18 de Junho, ao discutir a recente proposta de mudanças do Estatuto da Carreira Docente não universitária, afirmei que "curiosamente a palavra "ensinar" não aparece uma única vez no documento, que tem 55 páginas". É um facto tão difícil de entender que a própria ministra da Educação, professora Maria de Lurdes Rodrigues, não acreditou ser verdadeiro e possivelmente pensou tratar-se de um exagero retórico meu.
Questionada pela revista Visão (22 de Junho), disse "Não é verdade. Aparece várias vezes." Com os meios informáticos actuais é muito fácil esclarecer o problema. O ficheiro PDF do documento, que, no momento em que escrevo (29 de Junho), é ainda o mesmo, pode ser pesquisado usando a função "search". Introduzindo a palavra "ensinar" verifica-se que ela não aparece uma única vez.
Várias pessoas, entretanto, fizeram outras pesquisas. Verificaram que a palavra "ensino" aparece, mas essencialmente como qualificativo oficial (por exemplo, "estabelecimento de ensino", "ensino Básico"). Verificaram também que a palavra "aprendizagem" aparece 13 vezes, no singular e no plural. Estas estatísticas seriam ociosas se não reflectissem uma orientação pedagógica vincada, que transparece nas partes mais técnicas e ideológicas do documento.
Assim, por exemplo, quando se refere as funções dos professores (Art. 36.º, 2), não se fala em ensinar, mas sim em "identificar saberes e competências-chave dos programas", "desenvolver situações didácticas" e criar "situações de aprendizagem". Enumera-se depois um conjunto extenso de deveres do docente, tais como "Trabalhar em equipa", "Colaborar com as famílias" e "conceber respostas inovadoras às novas necessidades da sociedade do conhecimento".
É difícil acreditar, eu sei, mas o documento está no portal do ministério, indicado logo na página de entrada (www.min-edu.pt).
Nuno Crato
Instituto Superior
de Economia e Gestão
Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática
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