Monday, August 28, 2006

Responsável iraniano admite produção de armas atómicas

Responsável iraniano admite produção de armas atómicas
Jorge Heitor

Shimon Peres alega que Teerão é capaz de fornecer tecnologia nuclear a organizações terroristas

O Irão poderá produzir armas atómicas "como instrumento de dissuasão", se acaso a pressão internacional contra o seu programa prosseguir, disse o vice-presidente do Parlamento, Mohammad Reza Bahonar, primeiro alto funcionário iraniano a falar especificamente do desenvolvimento de bombas atómicas como parte do programa nuclear do país.

"O nosso país está confrontado com países sem lógica que possuem armas nucleares", afirmou Bahonar, citado ontem pelo jornal reformista Shargh. "Se nos pressionam demasiado, o nosso povo pode pedir ao Governo para produzir armas nucleares como instrumento de dissuasão", explicou.

Quem está a reagir mais fortemente ao desenvolvimento de tecnologia nuclear por parte de Teerão é Israel, onde o jornal Ha"aretz escrevia ontem que "o Irão está a aproveitar-se da fraqueza da América, que pretende a aplicação de sanções pelo Conselho de Segurança" da ONU, mas que depara com a oposição da Rússia e da China.

"O Irão aproxima-se da altura em que terá completado a investigação, desenvolvimento e experimentação, ficando as suas instalações nucleares com toda a capacidade", acrescentava o editorial, que dizia ser "tempo de sanções", enquanto num artigo de Bradley Burston o mesmo jornal recordava que Israel se encontra apenas a 1200 quilómetros de território iraniano. "Mais de 10.000 quilómetros mais perto do que Nova Iorque ou Washington".

Ontem mesmo, o Irão disparou no Golfo Pérsico, para a superfície, um míssil submarino da máxima velocidade e largo raio de acção, durante manobras em grande escala que estão a decorrer desde o dia 19 de Agosto. E o vice-primeiro-ministro israelita, Shimon Peres, levantou no Conselho de Ministros a possibilidade de Teerão transmitir tecnologia nuclear a organizações terroristas.

"O desrespeito do Irão pelas instituições internacionais legítimas, em primeiro lugar o Conselho de Segurança da ONU, coloca a autoridade e o destino de tais organizações em risco", afirmou Peres, enquanto o ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros anunciava para sábado uma visita do secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

O papel da Itália

Os Estados Unidos limitaram-se a afirmar que terão em conta a decisão iraniana de avançar com a sua tecnologia nuclear, quando o Conselho de Segurança se reunir. E o chefe da diplomacia italiana, Massimo d"Alema, considerou que Roma tem o direito de ser incluída nas negociações sobre o problema iraniano.

"Somos os principais parceiros comerciais do Irão, com a Alemanha, e estamos comprometidos na primeira linha no Líbano, frente ao Hezbollah", disse o ministro ao Frankfurter Allgemeine Zeitung.

A Itália não é membro permanente do Conselho de Segurança e, ao contrário da Alemanha, não foi associada às negociações com o Irão, tendo D"Alema declarado que o objectivo "não é um novo conflito, mas conversações para impedir que (Teerão) disponha de uma bomba atómica".
"O Irão não é uma ameaça para ninguém, nem sequer para o regime sionista", dissera sábado o Presidente Mahmoud Ahmadinejad, ao inaugurar uma nova fase do reactor de água pesada existente a sudoeste de Teerão. E o ministro russo da Defesa, Serguei Ivanov, considerara ser ainda muito cedo para se debaterem sanções económicas contra a República Islâmica. Mas quinta-feira termina o prazo dado pelo Conselho de Segurança para Teerão parar todas as actividades de enriquecimento de urânio - segundo a resolução aprovada a 31 de Julho, se não o fizer, corre o risco de ver serem aprovadas sanções.

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